Depois de passar uma semana se imaginando cega por uma vida, a madrinha começou a enxergar tudo através dos segundos que ainda viriam ou virão... foi a lugares familiares com pessoas estranhas e interessantes à seu modo; fez planos para  milésimos  de instantes seguintes; tocou algumas peles e retocou a sua própria; refez caminhos em macha ré e deu de cara várias vezes com espelhos surpreendentes.

"... é incrível, não quero mais nenhum presente da vida, além de ser amada por uma mulher e ser obsessão de um homem, quem sabe assim me ver uma vez do lado oposto e várias vezes alvo..."

Calma queridos, esse é só o primeiro passo entre a montanha e o abismo e ainda sim é um breve, mas profundo hiato. Dêem aos conselheiros, todos eles, pelo menos uma vez a chance do lamento. Do mais, não esperem muito.

Au revoir!

Por toda variedade de caminhos que não chegam a lugar nenhum;
pela dor física que é transformada em mártir por algumas pessoas, sem notar que o cansaço psicológico se torna um agravante e que nada dói mais que o vazio;
sentir que na maior das vezes nada que é subjetivo se traduz satisfatoriamente em palavras ou gestos;
chegar no limite entre liberdade e perigo e ainda gozar de um imenso prazer oferecido pelo jogo da vida, sem perceber que o prazer é viciante.

... e depois não achar mais graça em nada que antes lhe parecia necessariamente  vital.


Nem que a Madrinha mostrasse a você um vídeo da sua vida futura, abririas mão dessa brincadeira.

No mais, eu te espero.

As coisas que se pensam e não se dizem; saudades de sei lá o quê com sei lá quem; o gosto do que ainda vai se provar;
o cheiro que não se descreve nem se lembra, se reexperimenta.
Talvez um pouco mais de vida naquele limite de angústa faça você desejar a morte com muita empolgação.

A madrinha sempre disse que não há limite que não seja o seu, já que tudo não passa de ponto de vista, não seria certo olhar a vida a partir de outros olhos, nada que doi em mim vai doer simetrica e igualmente em outro, mesmo que se compartilhem sentimentos, já não se compartilham dores, porque essas, castigam sempre mais a um do que a outro, principalmente se vem acompanhada da amiga de sempre: culpa.

Quando se trata de sentir nunca se trada de medir.

Ouça a Madrinha!

Rascunho.

Vocês sabiam que a maior frustração dos que defendem e praticam idéias pré estabelecidas
é perceber que o que chamam de personalidade não passa de xerox?

Agora, sabem qual é a minha maior frustração? Constatar que quase nenhum deles se frustra a tempo.

 Voce vai tentar esfoliar sua alma.. e vai perceber que ainda deixou muitos resíduos na sua consciencia...

A gente não aprende errando sempre...

 Fazer o quê se 'O estranho' me atrai, me interessa.. diria mais.. me fascina?

Viver do que me convém, adimitir o magnetismo entre corpos, usar sim de artemanhas pra se se conseguir o que deseja... Acho que não há mal algum em deixar de mascarar a vida com hipocrisia....

ah.. minha gente... se não fosse bom seduzir.. vcs não se deixariam... !

 Não é pq eu já fui viciada em gente que não vale.. que vão me acusar e condenar a não ter direito de perceber o valor das verdadeiras pérolas, não eh?


 Nenhum ser vivo pode ser usado como prova de que um dia até a dor eh acostumável.. não não...

Quintal.

Tô seguindo, o vento tá ficando frio... deve ser a época...
não dá pra mudar o passado, eu já visitei esse jogo uma quinhentas vezes
e mesmo que eu tente fazer tudo diferente, impossível.. como aquele eifeito borboleta..
tudo dá errado de um jeito novo e você fazendo aquele esforço enorme pra negar de qualquer jeito
que tinha de ser assim.

"Não vou olhar mais pra trás" você diz...

e a madrinha te olha com ternura e desconfiança.. não te diz nada..
mas você sabe que aquele olhar só te diz uma coisa:

- Se nada funcionar, volta pra casa.. tanto faz.. vais me ver sorrindo..

SE-PARANDO

O medo insiste em aparecer, a expectativa insiste em dar as caras, a burrice quer gritar e a satisfação vai ficando longe. O efeito das drogas não é mais o mesmo e as reações não são mais sensíveis.

Não vai perceber que o mundo tá te observando e que se leva uma vida pra perceber que tudo se acaba.

A madrinha disse que está longe de chegar o momento em que se sente paz de espirito, mas que a guerra interna dentro dos seres pode ter algo de prazeroso. Dar ouvidos e atenção necessária ao que já passou e ver que a história acaba se repetindo com outros personagens ou marcações diferentes, diálogos sem rimas, poesia sem versos. Desarrumar o quarto pra encontrar um pouco de si no que está bagunçado é notar que nada se arruma por completo que dirá os sentimentos.

Que venham as crises e que nós achemos algo de degustável nelas, pois se chegou ao número 327, quer dizer que nem um terço aconteceu.


Jogar com as mentiras, fácil. Perder pra elas, naturalmente.

Mas não vou, por hora.

O que há de certo, é que as certezas sempre acabam por se enganar...
Elas querem voltar atrás e as vezes o caminho se fechou
Como naqueles labirintos de folhas
Você acabou de entrar numa passagem e quando olha pra trás.. parede.

Não se deve tomar cuidado com os caminhos,
nem com as certezas, essas, apenas evite.

"Ah... mas e com o coração, esse que teima em dizer- me certezas ao  pé do ouvido madrinha?"

Desse você deve ter medo, pois tem ligação direta com seus passos e muitas vezes não se deixa apanhar pelo filtro da razão. Não existe meio termo com o coração, e SIM... ele pode mentir, não duvide, sabe exatamente o que quer, mas fez você acreditar que o oposto é o certo, só pra ter o prazer de se alimentar de dor de vez em quando e ri quando dás com burros n'água.

O coração você ouve e muitas vezes dor é o que você sente e assim, feliz o deixa.
É ele mesmo que engana as certezas que não tem volta.
Tema o coração, mas não deixe de agir com intuição, essas se enganam, mas não te culpam.

Não corra quando a certeza é um caminho escuro, vá passo a passo tateando e quando vir a luz enfim, jogue-se. O arrependimento pode até te segurar no meio do caminho, mas que seja.. ainda há vida pra voltar a outros caminhos escuros, com e sem arrependimentos no meio.

Madrinha.